"O corpo é também um grande ator utópico, quando se trata de máscaras, de maquiagem e de tatuagem. Mascarar-se, maquiar-se, tatuar-se não é exatamente, como se poderia imaginar, adquirir outro corpo, simplesmente um pouco mais belo, melhor decorado, mais facilmente reconhecível: tatuar-se, maquiar-se, mascarar-se é sem dúvida algo muito diferente, é fazer com que o corpo entre em comunicação com poderes secretos e forças invisíveis.(...) A máscara, a tatuagem, a pintura instalam o corpo em outro espaço, fazem-no entrar em um lugar que não te lugar diretamente no mundo, fazem deste corpo um fragmento de espaço imaginário que se comunicará com o universo das divindades ou com o universo do outro."
O corpo utópico, as heterotopias - Michel Foucault
As cadeiras, os tamboretes, as palavras, começaram a ser tatuagem no final de 2018. As três primeiras tatuagens que fiz foram em mim. Uma cadeira sem assento tombada na parte interna do meu tornozelo esquerdo, uma cadeira de praia na parte interna do meu tornozelo direito e "quentepracarai" na minha coxa direita. As cadeiras representadas na pele de outras pessoas é um espaço imaginário possível em que encontro o outro. É nesse desejo meu e do outro de marcar na pele a cadeira que o significado desta começa a embaralhar a vista, embaralhar o corpo, embaralhar a palavra e também as cadeiras. Os textos que acompanham os desenhos são uma tentativa de criar narrativas para estas coisas que um dia já foram cadeiras.
Desenho de 16 tatuagens feitas por mim, duas delas em mim as outras 14 em amigos, conhecidos, desconhecidos.
Textos ficcionais
Formato A3 - 2019
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